Homem escrevendo à mão com caneta

Perícia Grafotécnica: técnicas, ferramentas e aplicação no Direito

Saiba como a perícia grafotécnica é usada no direito, quais técnicas e equipamentos são utilizados e os principais quesitos para a análise documental.

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A perícia grafotécnica é uma área do campo forense voltada para a análise e autenticação de documentos escritos à mão. 

O termo “grafotécnica” deriva do grego “grapho” (escrita) e “téchne” (técnica ou arte), referindo-se ao estudo técnico da escrita. 

Trata-se de uma prática que combina distintos métodos científicos para determinar a autenticidade de assinaturas, textos e outros elementos gráficos. 

No Direito, ela é utilizada para investigar fraudes, resolver disputas e avaliar a veracidade de provas documentais.

Além disso, a perícia grafotécnica pode ser aplicada em contextos não criminais, como em disputas civis, trabalhistas ou comerciais.

A origem da perícia grafotécnica

A análise da escrita tem raízes antigas nas civilizações egípcia e romana,em que já se observavam características da escrita com a finalidade de identificar sua autoria. 

No entanto, a perícia grafotécnica como disciplina científica começou a se consolidar no século XIX, com o desenvolvimento de métodos mais sistemáticos.

No final do século XIX, estudiosos como Edmond Locard e Alphonse Bertillon contribuíram para a formalização da grafoscopia, que deu base à perícia grafotécnica moderna. 

Locard, conhecido como o “pai da criminalística”, estabeleceu princípios que ainda são utilizados hoje, como a ideia de que “todo contato deixa um vestígio”. 

Bertillon, por sua vez, desenvolveu técnicas de identificação humana que incluíam a análise da escrita.

No início do século XX, a perícia grafotécnica passou a ser aplicada em contextos jurídicos e policiais, tornando-se uma ferramenta para investigações criminais e civis. 

A partir da década de 1930, com o avanço das tecnologias, surgiram equipamentos e métodos mais precisos, como o uso de microscópios, e luzes especiais.

Atualmente, a perícia grafotécnica é reconhecida como uma área especializada, com técnicas e equipamentos que permitem análises detalhadas e precisas. 

Sua evolução acompanhou o avanço da ciência forense, consolidando-se como um recurso importante no sistema jurídico.

O que é perícia grafotécnica

A perícia grafotécnica é uma especialidade da grafoscopia que estuda a escrita manual com o objetivo de identificar autoria ou detectar falsificações. 

Ela analisa características como traços, pressão, inclinação e ritmo da escrita. Essa técnica é aplicada em processos judiciais, investigações policiais e auditorias.

O perito grafotécnico compara amostras de escrita para verificar se foram produzidas pela mesma pessoa. 

Ele também avalia possíveis alterações, rasuras ou adulterações em documentos. A perícia grafotécnica é utilizada em casos como falsificação de cheques, testamentos e contratos.

Além disso, ela pode ser aplicada em contextos não criminais, como em disputas civis ou trabalhistas. 

Assim, pode-se dizer que a análise da escrita contribui para a avaliação da autenticidade de documentos e para a resolução de conflitos. 

Os principais exemplos estão nos casos de disputas sobre autoria de testamentos. Neles, a perícia grafotécnica pode determinar se o documento foi realmente escrito pela pessoa alegada.

A perícia grafotécnica também é utilizada em investigações de fraudes bancárias, onde assinaturas em cheques ou contratos são analisadas para detectar falsificações. 

Além disso, em investigações de casos de sequestros, ameaças anônimas, chantagem ou extorsão, a análise da escrita pode ajudar a identificar o autor das mensagens.

Quesitos para perícia grafotécnica

A perícia grafotécnica segue um método científico baseado em quesitos que orientam a análise. 

O primeiro passo é a coleta de material gráfico, que inclui documentos questionados e padrões de escrita conhecidos. Esses materiais devem ser originais e em bom estado de conservação.

A partir disso, o perito analisa características como a morfologia da escrita, ou seja, a forma das letras e números. 

Ele também observa a dinâmica da escrita, que envolve pressão, velocidade e fluidez. Esses elementos ajudam a identificar padrões únicos de cada indivíduo.

Outro quesito importante é a comparação entre os documentos questionados e as amostras de referência: o perito busca coincidências e divergências para determinar a autoria. 

Além disso, o perito deve considerar fatores como o estado emocional do autor no momento da escrita, o tipo de instrumento utilizado (caneta, lápis, etc.) e as condições físicas do documento. 

São aspectos que podem influenciar a análise e devem ser levados em conta para garantir a precisão dos resultados.

Por fim, ele emite um laudo técnico com conclusões fundamentadas, que pode ser usado como prova em processos judiciais.

Equipamentos para perícia grafotécnica

Como vimos, a perícia grafotécnica utiliza equipamentos específicos para garantir a precisão das análises. 

Um dos principais instrumentos é o microscópio estereoscópico, que permite ampliar e examinar detalhes minuciosos da escrita. Ele é utilizado para identificar traços imperceptíveis a olho nu, como variações na pressão ou na espessura dos traços.

Outra ferramenta é o software de análise gráfica, que auxilia na comparação de documentos digitais. 

Esses softwares permitem sobrepor textos, medir distâncias entre letras e analisar padrões de pressão. 

Além disso, os peritos utilizam luzes especiais, como ultravioleta e infravermelho, para detectar rasuras, adulterações ou escritas apagadas. 

Tais técnicas ajudam a revelar informações ocultas em documentos.A luz ultravioleta, por exemplo, pode destacar marcas de borracha ou correções, enquanto a luz infravermelha pode revelar textos escritos com tinta invisível.

Outros equipamentos utilizados em menor incidência são os scanners de alta resolução, que permitem digitalizar documentos para análise detalhada, e câmeras fotográficas capazes de capturar  imagens em alta definição para estudo posterior.

E, claro, é a combinação desses equipamentos que contribui para análises detalhadas e confiáveis, passíveis de valer como prova em um processo judicial.

Aplicações da perícia grafotécnica no Direito

Como já vimos, a perícia grafotécnica tem diversas aplicações no campo jurídico. Em processos criminais, ela é utilizada para investigar fraudes, falsificações e outros crimes envolvendo documentos. 

Por exemplo, em casos de falsificação de cheques, a análise da assinatura pode determinar se ela foi feita pela pessoa indicada ou por um terceiro.

Em disputas civis, a perícia grafotécnica é usada para autenticar testamentos, contratos e outros documentos legais. 

Até mesmo na vara de família, em casos de divórcio, por exemplo, a análise da escrita pode ajudar a determinar a autenticidade de acordos ou declarações.

No âmbito trabalhista, a perícia grafotécnica pode ser aplicada em casos de assédio moral ou demissões injustas, onde mensagens ou documentos são analisados para comprovar a autoria. 

Já em casos de sequestros ou ameaças anônimas, a análise da escrita pode ajudar a identificar o autor das mensagens, em um estágio de investigação.

Além disso, a perícia grafotécnica é utilizada em auditorias e investigações internas de empresas, onde documentos são analisados para detectar fraudes ou irregularidades. 

Ou seja, a perícia grafotécnica é uma ferramenta versátil que permeia praticamente todos os âmbitos do sistema jurídico. 

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