Cadeira de juiz, em tribunal, vazia

Nulidade processual: principais tipos e como argumentar a favor do cliente

Conheça os principais tipos de nulidade processual e aprenda estratégias para argumentar de forma eficaz em favor do seu cliente

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Em processos judiciais, a validade dos atos é essencial para garantir que o direito de todas as partes seja respeitado. A nulidade processual é um tema central nessa questão, pois assegura que erros graves cometidos ao longo do processo possam ser corrigidos.

E nem precisamos dizer que, para advogados, compreender as causas e tipos de nulidades processuais é fundamental para defender seus clientes e ter êxito em suas ações. 

Hoje, vamos abordar o conceito de nulidade processual, além de suas causas e tipos. E para quem ficar até o final, como é de costume, traremos um modelo de petição de nulidade. 

O que é nulidade processual

A nulidade processual ocorre quando um ato processual é considerado inválido devido a uma irregularidade que fere os princípios do devido processo legal. 

Esse conceito busca proteger o direito das partes e assegurar que todas as etapas do processo judicial sejam realizadas de acordo com as normas jurídicas estabelecidas.

Em outras palavras: a nulidade surge quando uma das partes pode demonstrar que algum procedimento no processo não respeitou a lei, comprometendo a validade do ato. 

A consequência da nulidade processual é, geralmente, a anulação do ato ou até do processo, caso o erro comprometa toda a estrutura da ação.

A relevância da nulidade processual está em proteger direitos fundamentais, como o direito à ampla defesa, ao contraditório e ao devido processo legal. 

Sem essa possibilidade de contestação, um ato processual com irregularidade poderia gerar injustiças, prejudicando o desfecho do processo.

Causas de nulidade processual

As causas de nulidade processual variam conforme a natureza do erro ou da irregularidade. Porém, todas elas envolvem a violação de algum princípio processual fundamental. Confira as principais causas: 

Violação do contraditório e da ampla defesa

Ocorre quando uma das partes não tem a oportunidade de se manifestar ou defender-se de forma adequada. São esses princípios que asseguram que ambas as partes sejam ouvidas e tenham condições de participar do processo em igualdade de condições.

Incompetência do juízo

Se o processo for julgado por uma autoridade judicial que não tem competência para analisar o caso, é possível que haja nulidade. Isso porque a competência é um requisito essencial para a validade dos atos processuais.

Falta de intimação ou citação

A intimação ou citação são atos essenciais para que a parte seja devidamente informada sobre os atos processuais. A ausência ou erro nesses atos pode comprometer o direito de defesa e resultar em nulidade.

Ilegalidade na colheita de provas

Caso uma prova seja obtida de forma ilícita ou inadequada, como violação de privacidade ou coleta sem autorização judicial, pode haver nulidade. O processo deve respeitar as regras legais de produção e admissão de provas.

Defeito na forma do ato processual

Em alguns casos, a forma como o ato é realizado tem grande importância. Determinados atos, por exemplo, devem ser documentados por escrito ou seguir uma formalidade específica. A ausência desse cuidado pode justificar a nulidade.

Tipos de nulidade processual

As nulidades processuais podem ser classificadas conforme sua gravidade e os impactos causados ao processo. 

A legislação processual divide as nulidades em duas categorias principais: nulidade absoluta e nulidade relativa.

Nulidade absoluta

A nulidade absoluta ocorre quando o ato processual viola normas essenciais de ordem pública, como os direitos ao devido processo legal e à imparcialidade do juiz. 

Esse tipo de nulidade pode ser alegado a qualquer momento e é reconhecido independentemente de manifestação da parte prejudicada. 

Muitas vezes, o próprio juiz pode declarar a nulidade absoluta, mesmo sem a solicitação das partes, devido à gravidade da irregularidade.

Um exemplo de nulidade absoluta é a ausência de contraditório, em que uma das partes não é chamada a participar do processo, violando o princípio da ampla defesa. 

Outro exemplo seria a colheita de provas de forma ilícita, como escutas telefônicas realizadas sem autorização judicial.

Nulidade relativa

A nulidade relativa, por sua vez, diz respeito a atos que apresentam defeitos processuais, mas que não necessariamente violam princípios fundamentais. 

Esse tipo de nulidade requer que a parte interessada demonstre o prejuízo causado pelo ato irregular. A nulidade relativa deve ser arguida em momento oportuno, pois sua alegação fora do prazo pode resultar em preclusão.

Exemplos de nulidade relativa incluem erros em citações ou falhas na forma de um documento processual. Embora sejam considerados menos graves, esses erros podem afetar o direito de defesa do cliente, justificando a nulidade, desde que se comprove o dano.

A distinção entre nulidade absoluta e relativa está também no momento em que podem ser alegadas. Isso porque a nulidade absoluta pode ser arguida a qualquer tempo, enquanto a nulidade relativa exige respeito aos prazos processuais.

Petição de nulidade processual

Para questionar a validade de um ato processual, o advogado deve apresentar uma petição de nulidade processual bem fundamentada, destacando a irregularidade do ato, o princípio violado e o prejuízo sofrido pelo cliente. Confira:

Identificação da nulidade

O primeiro passo é identificar e descrever claramente o ato que apresenta a irregularidade. A descrição deve ser objetiva, mas detalhada, para que o juiz compreenda o erro e sua gravidade.

Demonstração do prejuízo

Nos casos de nulidade relativa, é essencial comprovar o prejuízo causado pela irregularidade. O advogado deve explicar como o erro processual compromete a defesa ou os direitos do cliente, reforçando o impacto negativo no processo.

Referência às normas legais

É importante citar as normas legais violadas pelo ato processual, como artigos do Código de Processo Civil ou do Código de Processo Penal, dependendo do tipo de processo. A referência normativa embasa a argumentação, fortalecendo o pedido de nulidade.

Requerimento de anulação

Na petição, o advogado deve solicitar formalmente a anulação do ato processual ou do processo, caso o erro comprometa todo o procedimento. O pedido de nulidade deve ser claro e objetivo, incluindo os efeitos desejados com a anulação.

Eventual pedido de repetição do ato

Em algumas situações, pode ser necessário que o ato seja repetido para que o processo prossiga adequadamente. Por exemplo, caso a nulidade decorra de uma citação incorreta, o advogado pode solicitar a intimação correta da parte.

Modelo de petição de nulidade processual

E como já é de costume, sempre que o tema do artigo tem relação com algum documento jurídico ou peça processual, trazemos aqui, no final, um modelo para você adaptar às suas especificidades. Confira:

________________________________________________________________________ 

[Nome do advogado], advogado inscrito na OAB/UF sob o número [número de inscrição], com escritório localizado à [endereço completo], onde recebe notificações e intimações, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, com fundamento no artigo [número do artigo] do Código de Processo [Civil ou Penal], requerer a:

NULIDADE PROCESSUAL

dos atos praticados a partir de [ato específico], pelos seguintes motivos:

  1. Da Nulidade
    Ocorre nulidade no ato processual identificado, qual seja, [descrever o ato]. Tal ato desrespeita o princípio [indicar princípio] e prejudica diretamente a parte Requerente, conforme passamos a demonstrar.
  2. Do Prejuízo
    A irregularidade praticada causou prejuízo à defesa do Requerente, comprometendo o direito de [citar o direito comprometido, como contraditório, ampla defesa]. Especificamente, [detalhar o prejuízo sofrido pela parte].
  3. Das Normas Violadas
    O ato em questão viola o artigo [citar artigo do Código de Processo Civil ou Penal]. Conforme entendimento doutrinário e jurisprudencial, a irregularidade no cumprimento deste dispositivo compromete a validade dos atos subsequentes, justificando sua nulidade.

Diante do exposto, requer:

  1. A nulidade do ato processual identificado e de todos os atos subsequentes;
  2. Que o ato seja repetido conforme a forma correta, observando-se o devido processo legal;
  3. A intimação da parte Requerida para que tome ciência da nulidade ora arguida.

Nestes termos, pede deferimento.

[Localidade e data]
[Nome do advogado]
OAB/UF nº [número de inscrição]

________________________________________________________________________ 

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