Compliance tributário: como evitar autuações para seus clientes

Conheça as estratégias de compliance tributário e use a tecnologia para automatizar cálculos e processos fiscais

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A complexidade da legislação tributária representa um desafio constante para as organizações. 

A cada nova medida, portaria ou instrução normativa, o risco de inconformidade aumenta, o que eleva a probabilidade de autuações fiscais. 

Mas a conformidade fiscal, que há cinco anos era vista por muitos como uma questão meramente contábil, hoje é um pilar estratégico que afeta diretamente a saúde financeira e a reputação das empresas. 

Isso porque a crescente fiscalização digital e a interconectividade dos dados fiscais colocaram o compliance tributário como prioridade para as corporações e transformaram a prevenção em algo vital.

O que é compliance tributário

Compliance tributário, em essência, é o conjunto de práticas e procedimentos adotados por uma empresa para garantir a conformidade com as leis, regulamentos e obrigações fiscais vigentes. 

O termo “compliance” deriva do verbo em inglês “to comply”, que significa agir de acordo, obedecer, cumprir. 

Isso se traduz na observância de todas as exigências fiscais, abrangendo tanto as obrigações principais quanto as acessórias. 

As obrigações principais referem-se ao pagamento dos tributos propriamente ditos, como impostos, taxas e contribuições. 

Já as obrigações acessórias envolvem a entrega de declarações, a emissão de documentos fiscais e a manutenção de livros contábeis e fiscais, que fornecem informações detalhadas sobre as operações da empresa aos órgãos fiscalizadores.

O principal objetivo do compliance tributário vai além do simples cumprimento da lei. Ele busca mitigar riscos de inconformidade, evitar penalidades onerosas, como multas e juros, e otimizar a gestão fiscal da empresa. 

Ou seja: isso não se restringe apenas a pagar o imposto devido, mas a fazê-lo de forma correta, no prazo estipulado, utilizando a base de cálculo adequada e com a documentação comprobatória exigida. 

Um compliance tributário eficaz envolve a identificação e avaliação dos riscos fiscais; controles internos; implementação de treinamentos para equipes; e a adoção de uma cultura de ética e transparência em todas as operações que possuam impacto fiscal. 

Especialistas consideram a proatividade um elemento chave, para que sempre se busque antecipar e corrigir problemas antes que resultem em autuações.

Compliance tributário no Brasil

O ambiente tributário brasileiro é mundialmente conhecido por sua complexidade, volume de normas e constantes mudanças. Cenário que apresenta um desafio considerável para o compliance tributário no país. 

A legislação fiscal é fragmentada, distribuída em diversas esferas (federal, estadual e municipal), cada uma com suas próprias regras e particularidades. 

Hoje, a estimativa é de que existam milhares de normas tributárias em vigor, que sofrem alterações frequentes e exigem um monitoramento ativo e contínuo por parte das empresas e seus consultores. 

Essa dinamicidade legislativa torna a manutenção da conformidade uma tarefa árdua, mesmo para organizações com estruturas fiscais robustas e dedicadas ao compliance.

Isso porque a multiplicidade de tributos, com diferentes bases de cálculo, alíquotas e regimes de apuração, do Brasil, adiciona camadas extras de complexidade a algo que, de modo geral, já é desafiador. 

Além disso, a digitalização dos processos fiscais impactou a capacidade de atuação da fiscalização. 

Se, por um lado, a digitalização oferece maior agilidade e padronização, por outro, aumenta a visibilidade das operações e a capacidade do fisco em cruzar dados de forma automatizada. 

A importância do compliance tributário

A importância do compliance tributário vai além de uma mera obrigação legal e da prevenção de penalidades. 

Para as empresas, representa um “seguro” contra perdas financeiras resultantes de multas e juros que podem alcançar percentuais elevados sobre o valor principal do tributo devido. 

Além do impacto financeiro direto, as autuações podem gerar danos irreparáveis à imagem e à reputação da empresa no mercado, afetando sua credibilidade perante clientes, fornecedores, instituições financeiras e investidores. 

A percepção de uma empresa como não confiável ou negligente em suas obrigações fiscais pode levar à perda de oportunidades de negócio e à deterioração de relacionamentos comerciais estratégicos.

Além disso, a conformidade fiscal contribui para uma gestão empresarial mais eficiente e transparente. 

Ou seja: um programa de compliance tributário robusto permite a tomada de decisões estratégicas com base em dados precisos e atualizados, evitando surpresas fiscais que poderiam comprometer o planejamento financeiro. 

Ele confere maior segurança jurídica às operações, reduzindo incertezas e riscos legais. 

Empresas com um compliance tributário bem estruturado demonstram maior solidez e responsabilidade corporativa, algo cada vez mais valorizado por parceiros comerciais, auditorias e potenciais investidores que visam sempre minimizar riscos.

Além disso, um bom programa de compliance pode otimizar a carga tributária ao identificar benefícios fiscais, incentivos e regimes especiais de tributação, o que resulta em economia e, por consequência, aumento da competitividade. 

Compliance tributário: práticas e riscos

A implementação de um programa de compliance tributário eficaz envolve a adoção de diversas práticas. 

O primeiro passo é realizar um diagnóstico completo da situação fiscal da empresa, identificando os riscos existentes. 

A seguir, vem a elaboração de políticas e procedimentos internos claros, que orientem as equipes sobre as condutas adequadas. 

A capacitação contínua dos colaboradores envolvidos nas rotinas fiscais também é essencial para garantir a aplicação correta das normas. 

Além disso, o uso de tecnologia, como softwares de gestão tributária e a automação de processos, pode otimizar a apuração de impostos e a entrega de declarações, reduzindo a margem de erro humano. 

Já os riscos de um compliance tributário deficiente são variados: o principal é a autuação fiscal, com a imposição de multas e juros moratórios. 

Há também o risco de responsabilização dos administradores e sócios por dívidas tributárias da empresa, em casos específicos. 

Importante ressaltar que a sonegação fiscal, mesmo que decorrente de erros ou omissões, pode configurar crime contra a ordem tributária, com consequências criminais. 

Outro risco é a já mencionada perda de competitividade. Empresas que não gerenciam sua carga tributária de forma estratégica podem ter seus produtos e serviços mais caros que os concorrentes, ou comprometer sua margem de lucro. 

Além disso, a instabilidade jurídica gerada pela falta de conformidade dificulta o planejamento de longo prazo e a atração de investimentos.

Ou seja, se você atua no direito tributário, o compliance é o um dos principais caminhos para proteger os clientes de autuações e garantir a sustentabilidade de seus negócios. 

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