Empreendedor sênior posando para foto com seus filhos

O que é holding familiar e como advogados podem estruturá-la

Entenda o que é holding familiar, suas vantagens e como advogados podem estruturá-la para planejamento sucessório e proteção patrimonial de seus clientes.

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A holding familiar tem sido uma alternativa bastante utilizada em planejamento patrimonial e sucessório. Cada vez mais, famílias buscam essa estrutura para proteger seus bens e garantir uma transição mais eficiente para as próximas gerações.

Neste artigo vamos explorar o que é uma holding familiar, como ela funciona, quando vale a pena constituir uma e, se necessário, como é possível desfazê-la, de forma legítima.

O que é uma Holding

A holding é uma empresa que tem a finalidade de deter e administrar participações em outras sociedades.

Ela serve para concentrar o controle de bens, ativos e investimentos em uma única estrutura. Essa organização facilita a gestão e a tomada de decisões estratégicas.

Além disso, a holding permite uma visão centralizada do patrimônio, o que pode otimizar a tributação e a sucessão.

Com ela, os sócios podem separar a administração dos negócios da propriedade dos ativos.
O uso dessa estrutura tem crescido em razão dos benefícios que oferece.

No meio jurídico, a holding é frequentemente empregada em planejamentos empresariais e familiares. Sua criação envolve questões societárias que exigem cuidados legais.

Como e onde surgiram as Holdings

As holdings têm origem na necessidade de organizar grandes grupos empresariais.
Apesar de parecerem uma solução moderna, elas surgiram nos períodos de expansão industrial e  formação de conglomerados.

Inicialmente, as holdings surgiram para facilitar a administração e a reestruturação de empresas. 

Com o tempo, sua utilização se estendeu para planejamentos sucessórios e patrimoniais. Elas passaram a ser vistas como instrumentos de proteção de ativos familiares.

No Brasil, o uso de holdings ganhou força com o crescimento da economia e o aumento da complexidade dos negócios.

A legislação societária, especialmente a Lei Nº 6.404/76, estabeleceu normas que influenciaram sua criação.
Esse cenário possibilitou que famílias empreendedoras adotassem a holding como ferramenta de gestão.

A consolidação das holdings também se deveu à necessidade de proteger os bens contra riscos e disputas judiciais. Já que o ambiente econômico exigia maior segurança jurídica na transmissão de patrimônio.

Assim, a holding passou a ser vista como uma solução para desafios empresariais e, principalmente, sucessórios.

O que é holding familiar

A holding familiar é uma variação da holding voltada para a administração do patrimônio de uma família.

Ela reúne bens, investimentos e participações empresariais em uma única entidade. Seu principal objetivo é facilitar a sucessão e reduzir conflitos entre os herdeiros.

Essa estrutura possibilita que os membros da família se tornem cotistas ou acionistas da empresa. Isso significa que ao invés de possuírem os bens de forma individual, os ativos ficam concentrados na holding.

No campo jurídico, a holding familiar tem ganhado cada vez mais relevância em planejamentos sucessórios.

Ela contribui para a redução de custos tributários, como os impostos sobre herança e doação, por exemplo. Além disso, promove a proteção dos ativos contra possíveis litígios.

Em termos legais, o Código Civil brasileiro e a Lei Nº 6.404/76 é que dão embasamento  e para a constituição de holdings e garantem a segurança jurídica da operação.

Como funciona uma holding familiar

A holding familiar opera como uma sociedade empresarial, geralmente estabelecida no formato de sociedade limitada ou anônima.

Os bens da família são transferidos para essa empresa, que passa a administrá-los. Cada membro da família adquire cotas ou ações proporcionais ao patrimônio investido.

As regras para a administração e distribuição de dividendos ficam estabelecidas no contrato social. O estatuto também pode prever mecanismos de resolução de conflitos entre os sócios.

O grande diferencial de uma holding familiar é que ela possibilita o planejamento sucessório de forma antecipada. 

Ao invés de ocorrer uma divisão caótica após o falecimento, a transmissão das cotas é feita de forma ordenada. O que contribui para a continuidade dos negócios e a preservação do patrimônio.

Além disso, a holding familiar oferece proteção contra riscos judiciais. Bens registrados na empresa podem ficar menos vulneráveis a execuções e ações individuais. E essa proteção jurídica é vital para a segurança dos ativos familiares.

Já no âmbito tributário, a holding familiar pode reduzir a carga de impostos, com uma transferência de cotas que pode ser planejada de forma a minimizar custos com o Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação ( ITCMD).

Outro ponto visto como vantagem operacional das holdings é a flexibilidade da estrutura. Uma holding pode ser adaptada para atender às necessidades específicas de cada família.

Quando vale a pena ter uma holding familiar

A adoção de uma holding familiar é especialmente vantajosa para famílias com patrimônios expressivos e diversificados.

Quando há múltiplos imóveis, participações em empresas e investimentos financeiros, a gestão centralizada se torna essencial, pois essa estrutura facilita o controle e a administração dos ativos.

Em casos de empresas familiares, a holding familiar organiza a separação entre o patrimônio pessoal e o patrimônio empresarial.

O que, como já vimos, evita riscos para os bens da família em momentos de crise nos negócios. Além disso, a sucessão é planejada de forma a evitar conflitos futuros.

Mas na prática, a decisão de criar uma holding familiar deve ser precedida de uma análise detalhada do patrimônio e os objetivos da família. A partir daí é possível definir se a estrutura trará benefícios em relação a uma sucessão tradicional.

Afora a questão sucessória, a holding familiar pode facilitar o acesso a financiamentos e parcerias, já que Instituições financeiras costumam ver com bons olhos uma administração centralizada e bem estruturada.

Já famílias com patrimônios menores ou com poucos bens podem não encontrar tantas vantagens. Incluindo os próprios custos de manutenção da estrutura pode superar os benefícios.

A holding familiar também pode ser uma ferramenta útil em processos de reorganização societária. Em momentos de fusões, incorporações ou reestruturações, por exemplo, a estrutura centralizada facilita a negociação.

Quem são os herdeiros de uma holding familiar

Os herdeiros de uma holding familiar são os titulares das cotas ou ações que representam o patrimônio familiar.

Geralmente, esses herdeiros incluem filhos, cônjuges e outros parentes próximos. A definição de quem são esses beneficiários deve constar no contrato social da empresa.

O planejamento deve incluir cláusulas específicas para a transferência das cotas. Isso é feito através de um estatuto que define os direitos e deveres dos herdeiros.

Tais regras podem incluir cláusulas de inalienabilidade e impenhorabilidade. Dispositivos que protegem os ativos e evitam a venda precipitada dos bens.

Em contextos de divórcio ou separação, a holding familiar também pode proteger o patrimônio.

O regime de bens adotado e as cláusulas contratuais podem impedir que os ativos sejam partilhados de forma desfavorável. O que oferece segurança tanto para o titular quanto para os herdeiros.

Como desfazer uma holding familiar

A dissolução de uma holding familiar pode ocorrer por diversos motivos.
Entre eles estão mudanças no planejamento patrimonial e desentendimentos entre os sócios.

Existem diferentes caminhos para desfazer uma holding familiar. Um dos métodos é a venda das cotas, permitindo a saída dos sócios. Outra alternativa é a liquidação dos bens, seguida pela extinção da empresa.

Independentemente de qual forma, o procedimento precisa respeitar o contrato social da holding. Ou seja, as regras previamente estipuladas que orientam a partilha dos ativos. Isso garante que todos os envolvidos recebam uma parte justa do patrimônio.

Outro aspecto relevante é a quitação de passivos. Antes de proceder com a dissolução, todas as dívidas e obrigações devem ser sanadas. Isso evita problemas futuros e eventuais responsabilizações judiciais.

Além disso, a desestruturação de uma holding familiar não significa o fim do planejamento sucessório. Em alguns casos, pode ser necessário reestruturar a empresa para atender a novas demandas.

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